segunda-feira, 7 de maio de 2012


Uma história de (des)amor que não é a minha - parte XIX


***Maria***
Hoje fico por casa, eles vão às piscinas, a Camila tem medo de ser picada, por isso como cavaleiros que são vão-lhe fazer a vontade, ou simplesmente também terão medo, mas eu vou acreditar que é por serem mesmo cavalheiros.
E como a noite de ontem foi fantástica tenho éne de pensamentos positivos por isso, vou agarrar no telefone e ligar ao senhor meu pai. Está a chamar…
Santiago: Estou?
Maria: (Hesito um pouco) … Sim?
Santiago: Quem fala?
Maria: Sou eu, já não me reconheces?!
(Oiço uma respiração estranha, o meu pai a chorar?!)
Santiago: Claro que reconheço princesa… Como é que estás?
Maria: Estou bem! Mas não melhor do que tu, que nem da tua família te recordas
Santiago: Maria, não é bem assim querida.
Maria: Claro paizinho, foi por isso que partiste e as promessas não passaram disso mesmo promessas!
Santiago: O pai tem de te explicar tudo, mas por telemóvel não pode ser, tu já estás crescida acho que vais compreender…
Maria: Pois estou crescida. Mas cresci sem o apoio do meu pai, sabes quantas e quantas vezes chorei por não te ter por perto? Sabes quantas vezes esperei sentada à porta de casa? Quantas vezes desejei ter-te aqui só para te dar um simples abraço, só para me aconchegares e enxugares as lágrimas Sabes?!
Santiago: Sei sim Maria.
Maria: Não, não sabes. Porque se soubesses agarravas no telemóvel e ligavas, apanhavas o primeiro avião e vinhas visitar-me, a mim, à mãe e à avó. Magoaste-nos muito. Todos os dias sofremos silenciosamente por ti. Elas não me dizem mas eu sinto. E a avó com o olhar triste não engana ninguém…
Santiago: O pai vai a Portugal o quanto antes
Maria: Agora é que te importas? Ou melhor dizes que importas porque eu já não acredito nas tuas pseudó-promessas
Santiago: Querida, tu vais perceber, sei que a tua mãe te deu a devida educação para tal e eu também não falhei enquanto estive perto de vocês. E não sejas injusta, tenta perceber porque parti.
Maria: Eu já tentei mas não consigo, não vejo razão nenhuma para o que fizeste, tento ver onde errei e nada não encontro erro algum para tal acto.
Santiago: Eu prometo Maria que vou ter com vocês o mais rápido possível para explicar tudo, e acredita que não deixaria as mulheres da minha vida por algo insignificante, e se soubesses a vontade que tenho todos os dias de vos abraçar, de vós dizer que foram as coisas mais importantes da minha vida.
Maria: Claro…
Santiago: A tua mãe foi e é o grande amor da minha vida, tal como tu filha. E a tua avó… Eu não vos queria deixar, mas a vida nem sempre é correcta, nem sempre é justa.
Maria: Tudo isso são fragmentos de uma história mal contada, de uma realidade adulterada que eu não consigo entender por mais que tente. Mas vou dar-te a oportunidade de te explicares, mas por favor não me voltes a desiludir. Não me faças fazer figura de parva à tua espera quando na realidade não queres vir. Só quero que sejas sincero.
Santiago: E é isso que vou ser. Quero que vocês entendam tudo. E não vais ficar à espera, assim que o pai possa apanha o primeiro avião e vai ter com vocês.
Maria: Estou em casa da avó…
Santiago: Fazes bem, tens da apoiar, tem todas de se apoiar umas às outras, tal como vos ensinei. Eu queria tentar ensina-las a viver sem mim antes de partir, mas não consegui, não fui capaz. Acho que não era correcto.
Maria: Claro, então preferiste deixar tudo para trás sem fazeres nada, sem lutares por nós. Eu que sempre tentei perceber onde falhamos como família mas nada. Sempre que me ias levar à escola com a mãe as minhas colegas ficavam ruídas de inveja, porque éramos uma família perfeita, sempre com muito amor para dar, porque quanto mais dávamos mais tínhamos para dar… Mas como dizes a vida pregou uma partida, não é assim?!
Santiago: É sim querida, tu vais compreender, eu sei que vais, tal como a mãe e a avó e vamos voltar ao que éramos
Maria: Achas que vamos?! Achas que a mãe quer um sapudo de volta? Que a abandonou com uma filha de oito anos nos braços para ir para sabesse lá onde?! Provavelmente já terá tido outras mulheres que ocuparam o seu lugar. (Começo a chorar)
Santiago: Oh meu amor não tenho ninguém, vocês sempre tiveram no meu coração e iram sempre cá estar caso a tua mãe queira-me ou não de volta, mas isso não impede de estar presente na tua vida
Maria: Eu vou sempre esperar por ti pai, sempre quer queiras-me na tua vida ou não, mas estou cansada de sofrer, entendes?
Santiago: Se soubesses as saudades que tenho vossas, as dores que tenho. Depois do dia que tive hoje soube tão bem ouvir a tua voz, vai dar-me força para ultrapassar mais outros dias de batalha, e assim que puder vou ter com vocês.
Maria: Eu espero por ti
Santiago: Eu prometo-te meu amor, mas até lá cuida da mãe e da avó por mim. És a minha heroína, e a tua mãe fez um óptimo papel de pai e mãe, casei-me com a melhor mulher.
Maria: Sim isso é verdade, escolheste bem a família, mas não foste um bom pai.
Santiago: Não vamos falar mais nisso, o pai vai voltar, e falar-te de tudo, não te quero esconder nada.
Maria: Agora vê se cumpres essa promessa. Vou ter de ir andando, tenho de ir ajudara avó, não tarda muito está ela a chegar com as compras, mas quando puderes vai dando notícias.
Santiago: Vai lá então, fica descansada. Beijinhos princesa.
Maria: Beijo.
Desligo a chamada. Descansada é certo que não fico, afinal de contas esta não seria a primeira promessa que ficaria por cumprir, mas vou dar-lhe o benefício da dúvida. Mas acho estanho porque é que ele nos deixou, e porque aquela conversa toda? Tenho um pressentimento negativo em relação a isto tudo, só espero é que não seja nada de grave.

Migalhas Felizes.

1 comentário:

"Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar"