Uma história de (des)amor que não é a minha - parte XV
Na Figueira
***Maria***
Finalmente chegamos, não levamos muito tempo é certo, mas as viagens de autocarro são sempre gastantes, mas saber que tenho à minha frente muito sol, muita praia e muita diversão fico logo em altas.Maria: Olá ‘vó
Avó: Olá meu docinho, como estão as coisas? E a tua mãe?
Maria: Está tudo bem, obrigada por nos receber, a avó é um anjo. A mãe está a trabalhar, a avó sabe como é que é os tribunais só fecham em Agosto…
Avó: A casa também é tua. Embora os teus pais estejam separados vocês continuam a ser a minha família, e tu e a tua mãe são sempre bem-vindas. E a avó adora-te ter cá.
Maria: Eu sei avó, nós também a adoramos…
Abraço-a, sinceramente já tinha imensas saudades dela, desta casa, deste ar… Tudo isto cheira-me a infância. Fui muito feliz aqui! E nota-se que a minha avó também está feliz por me ter por perto, afinal sempre fui a menina dos olhos dela.
(…)
Salvador: Mary nós vamos dar uma volta para ver como é o ambiente, vens?
Maria: Não sal, hoje vou ficar por casa, ser um diazinho da minha avó… Temos de as mimar.
Salvador: Compreendo pequenina, até logo então (beija-me na testa, e sai)
Hoje sou toda da minha avó, temos de mimar o que é nosso, e muitas vezes os avós caem em esquecimento, e morrem na sua própria solidão e eu não quero nada disso para quem sempre se preocupou comigo e deu-me uma infância gorda de emoções.
Avó: Querida não queres comer nada?
Maria: Não avó, obrigada
Avó: Tens de te alimentar, estás muito magrinha.
Maria: Eu comi pelo caminho avó, não se preocupe
Avó: Mas essas comidas que vocês tem a mania de comer são todas de plástico só vós faz é mal
Maria: Oh ‘vó você e o lado maternal…Avó, tem falado com o pai?
Avó: Esse é outro velhaco nunca mais me disse nada, a última coisa que soube dele foi por uma carta que me mandou, nada mais. Às vezes pergunto-me onde fui que errei como mãe…
Maria: Eu compreendo-a tão bem avó, sabe eu compreendo que a vida esteja difícil mas comparando a minha vida com as dos meus amigos, nós não estávamos propriamente em crise. Todos os anos fazíamos duas a três viagens por ano, vivíamos bem até, não entendo esta mudança do pai, ainda por cima deixou-me a mim e à minha mãe. A mãe pode não me contar nada mas eu sei que ela sofre, principalmente por mim. O pai sempre me prometeu que voltava…
Avó: E vai voltar meu anjo, se Deus quiser vai voltar
Maria: Sabe avó eu já não acredito em nenhuma das palavras que ele me mencionou na sua partida, prometeu-me também que me ligava todos os dias, se pudesse ou então apenas ao fim-de-semana, esperei pela sua chamada a dizer se tinha ou não chegado bem, mas nem isso recebi. É duro para uma criança de oito anos, a mãe sempre me deu desculpas para aconchegar-me e aquecer o coração. Criança essa que já não sou e já não se aconchega com essas simples desculpas. E orgulho muito a força que a mãe teve, fazer papel de pai e mãe é muito difícil mas a bem ou a mal a mãe lá se esforçou e hoje não preciso dele. Apesar de ser pai, mas filha, também é sempre filha e não se esquece assim…
Avó: A tua mãe sempre foi uma grande lutadora, e não merecia o teu pai, nem sei o que ela viu nele, é meu filho é verdade mas nunca a estimou na perfeição, sempre o desculpou. Para dois defeitos arranjava sempre uma qualidade, lembro-me tão bem das nossas conversas. És igualzinha a ela, tinha era uns grandes olhos azuis que brilhavam cada vez que se falava do Santiago.
Maria: Como é que era o amor do pai e da mãe?
Avó: A Denise era louca por ele, o Santiago também, mas não tanto como a tua mãe, lembro-me de virem os dois cá para casa sempre depois das aulas, diziam sempre que eram amigos, isto logo no início. Mas sempre soube, que se amavam, eram um casal feliz, mas a tua mãe não teve muita sorte com o sapudo do meu filho.
Maria: Eu lembro-me que eram felizes, éramos muito unidos, no infantário as minhas coleguinhas comentavam sempre… Por isso é que também não entendo o que aconteceu ao pai. Ter-nos deixado assim do nada, não faz sentido.
Avó: A avó também não, mas um dia ele terá muito que nos explicar
Maria: A avó não tem contacto nenhum dele?
Avó: Tenho a carta que te falei, lá vem um número, mas está tão pequeno que a avó por mais que queria ligar já não o consegue ver, e não quero dar a carta a nenhuma vizinha para ler…
Maria: A avó podia ir buscar a carta? Assim ficávamos a saber se ainda é o mesmo número…
Peço-vos desculpas por esta grande ausência, mas estive de férias, e férias são sempre férias.
Muitas Migalhas Felizes
- GOSTEI muito Cuequinhaaaaaaa *.* beijinhooo da Quick :3
ResponderEliminarobrigada inêees :)*
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